Levantamento da Secretaria Municipal da Saúde aponta que o índice se mantém estável há dez anos, com exceção do período da pandemia
Em Ribeirão Preto, o câncer se mantém há uma década entre as principais causas de morte, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Levantamento da Secretaria Municipal da Saúde mostra que, ao longo dos últimos dez anos, o cenário pouco mudou. Apenas durante a pandemia as doenças infecciosas e parasitárias, impulsionadas pela Covid-19, ultrapassaram temporariamente os tumores malignos.
Em nível nacional, o panorama reforça a dimensão do cenário. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país deve registrar cerca de 704 mil novos casos por ano entre 2023 e 2025, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste.
O tema ganha ainda mais relevância em novembro, mês em que é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Câncer (27/11), data que reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce no enfrentamento da doença.
“Quando observamos os últimos anos, fica claro que o câncer é uma preocupação constante. Mesmo com o avanço da medicina, a doença continua entre as principais causas de morte em Ribeirão Preto. Isso mostra que, embora tenhamos evoluído em diagnóstico e tratamento, ainda precisamos investir muito em prevenção, informação e acesso a exames regulares”, explica o oncologista Diocésio Andrade.
Levantamento municipal de 2025, com dados até 9 de novembro, aponta 829 mortes por câncer, sendo 53,41% em homens e 46,59% em mulheres. A mortalidade também não se restringe às faixas etárias mais elevadas, quase 12% dos óbitos ocorreram em pessoas com até 50 anos.
“Esses números mostram que o câncer não é mais uma doença restrita a idosos. Temos visto um aumento de diagnósticos em pacientes cada vez mais jovens, o que reforça a importância da prevenção e da atenção constante à saúde”, reforça Diocésio.
Um estudo publicado na revista científica britânica BMJ Oncology, que analisou 29 tipos de câncer em 204 países, apontou crescimento de 79% nos diagnósticos entre pessoas com menos de 50 anos entre 1990 e 2019. A pesquisa também projeta avanço contínuo nos próximos anos, com aumento estimado de 31% até 2030.
De acordo com o oncologista, a prevenção passa por ações simples, mas essenciais, como a prática regular de atividades físicas, alimentação equilibrada, controle do tabagismo, redução do consumo de álcool e realização periódica de exames de rotina.
“É preciso estimular hábitos saudáveis, promover acesso aos exames preventivos e, principalmente, quebrar tabus que afastam pacientes do consultório. A maioria dos tumores tem boas chances de cura quando diagnosticados precocemente. O grande desafio ainda é o diagnóstico tardio, que compromete as possibilidades de tratamento e afeta a qualidade de vida dos pacientes”, finaliza.
Neoplasias e campanhas de conscientização
Entre os tipos de neoplasias mais letais estão pulmão, cólon, mama, pâncreas e próstata. Os dois últimos ganham destaque especial em novembro, período marcado por campanhas de conscientização voltadas à prevenção e ao diagnóstico precoce.
